13ª Bienal Naïfs do Brasil abre nesta sexta no Sesc Piracicaba


Por Naiara Lima
Fotos: Henrique Inglez de Souza

"O artista naïf é um sujeito muito atento ao entorno. Frequentemente assume papel de cronista de sua comunidade ou da cidade em que vive". A frase de um dos curadores da 13ª Bienal Naïfs do Brasil, Claudinei da Silva, expressa o que será possível conferir a partir desta sexta-feira (19), na abertura da mostra. O evento acontece às 20h, no Sesc Piracicaba, com entrada gratuita. O público encontrará 185 obras de 111 artistas selecionados e convidados de diversos estados brasileiros – cinco deles são de Piracicaba e Charqueada. 

Assuntos como política, futebol, zika vírus, dengue e ecologia foram abordados com os mais variados suportes – pintura, xilogravura, vídeo, fotografia, objetos do cotidiano, escultura, bordado. "Fico encantado com a reverência dos artistas, que está na liberdade do uso dos materiais e dos assuntos tratados. Eles têm uma nota de humor e de ironia. Muitas vezes, você é capturado pelo deboche que apresenta", relatou Claudinei.

Claudinei e Clarissa

O tema/título que norteou a curadoria deste ano foi Todo Mundo É, Exceto Quem Não É. Além de Claudinei da Silva, o grupo curador tem Clarissa Diniz e Sandra Leibovici. Os dois primeiros conversaram com a imprensa na tarde dessa quinta-feira (19). Ambos ressaltaram que o critério de seleção foi a qualidade e as diferentes linguagens possíveis dentro do naïf. "A partir deles outros foram convidados a entrar na conversa, a criar um diálogo, sem tema, mas que olha mais para as linguagens e para a forma como o artista se coloca no mundo", completou Clarissa. 


A proposta, segundo ela, foi fugir do convencional. "Quisemos criar um território de conversas, de convivência, entre obras que configura uma experiência interessante para quem vem". A curadora ressaltou que o nome da mostra é uma provocação, com a ideia de se fazer pensar os aspectos em comum nas artes e as diferenciações.

"Acredito que estar no mundo é um eterno processo de identificação e diferenciação. É difícil estacionar uma identidade, ou em uma semelhança, ou em uma diferença, porque tudo é relacional. Agora posso estar próximo de você, mas depois estou diferente. Nos afastamos e nos aproximamos conforme interesses e contextos". Para Clarissa, existem diversas formas de ser naïf e isso aparece nas obras deste ano. 

Em cartaz até 27 de novembro, a 13ª edição da Bienal Naïfs do Brasil do Sesc Piracicaba já tem 30 anos da existência. Em 2016, a unidade teve um acréscimo de 30% de inscrições em relação a 2014. Para o programador cultural Leonardo Borges, isso se deve à rede de contados do Sesc. Foram enviadas malas diretas a 6 mil artistas e espaços culturais do país. A curadoria analisou 948 trabalhos de 474 inscritos vindos de 25 estados brasileiros. Além das obras selecionadas, que foram 126, a exposição terá 59 trabalhos de 25 artistas contemporâneos convidados pela curadoria. Foram premiadas quatro obras de Destaque Aquisição, cinco de Incentivo e 12 receberam Menções Honrosas.

Na edição passada, o Sesc recebeu 50 mil espectadores, entre estudantes de escolas públicas, visitantes espontâneos e das atividades paralelas ao evento.


EDUCATIVO – Algumas ações paralelas à bienal estão previstas, como oficinas, residência artística e a elaboração de uma série de documentários. "Serão realizados shows, os ateliês de artistas locais ficarão abertos, teremos a apresentação do Circo Branco e escolas estão com visitas agendadas até novembro", relatou Claudinei. Segundo o curador, responsável pelo material educativo, a "cereja do bolo" é a biblioteca que está sendo construída e planejada para que seja uma "referência sobre arte popular brasileira. Já temos algumas centenas de livros a serem agregados a esse acervo, que ficará à disposição do visitante e de pesquisadores interessados". Os catálogos das bienais anteriores também poderão ser encontrados, não só durante o evento, mas depois. "Pretendemos fazer dessa unidade do Sesc um ponto de referência." 

Dois carrinhos foram projetados para acolher o material que os mediadores irão trabalhar.  Serão 14 educadores, um supervisor e um coordenador. "Não queremos que o público ache que vai encontrar alguém para monitorar sua visita, mas sim que estabeleça um diálogo e que faça a mediação. Mas a ideia original é que tenhamos pessoas preparadas para acolher e respeitar o silêncio do público, porque nem sempre este precisa necessariamente ser orientado no espaço de exposição."

Em parceria com a rede pública de educação, no dia 30 haverá um encontro com professores da região. Os lugares vagos ficarão disponíveis aos interessados não programados. "O assunto da discussão será a bienal. O desejo é conversar com os professores sobre essa realidade dos espaços de exposição como ferramenta de trabalho, pois essa ideia ainda é incipiente no Brasil. Essas visitas não acontecem com a qualidade devida."

SÁBADO – No sábado (20), às 11h, acontece uma conversa com os curadores da 13ª Bienal Naïfs do Brasil e também uma vivência de musicalização (mesmo horário). O dia ainda contará com um show de Jaime Figura, às 13h, na Comedoria. A programação completa do mês pode ser conferida aqui.


Serviço
Abertura da 13º Bienal Naïfs do Brasil 2016
Todo Mundo É, Exceto Quem Não É
Quando: hoje
Horário: 20h
Local: Sesc Piracicaba
Endereço: Rua Ipiranga, 155 – Centro
Grátis

Período expositivo: de 20 de agosto a 27 de novembro – visitação de terça a sexta-feira, das 13h15 às 21h30, e sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h

Informações: (19) 3437-9292

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